Last Chance Saloon

Conforme o esperando, o bilhete chega até o grandão e a suposta doutora se livra do encosto.

Algo estranho acontece: A música se encerra, as luzes cênicas se apagam, todos batem palmas, as luzes voltam ao normal clareando totalmente o ambiente enquanto a próxima cena se prepara para iniciar.
Mas não é como se esse encerramento e os aplausos fossem para a música ou pela música, é como se fossem pra mim, por cada passo dado, por cada degrau. É como se eu estivesse sendo aplaudido por ter avançado de alguma forma dentro de alguma coisa que eu não sei o que é e não entendo.

Eu vim aqui por Nines e pelo Julien, mas o que encontrei foi uma manipulação temporal seguida da presença de dois caras idênticos e opostos em si, e agora uma doutora que estudou nossa desconhecida relação. Sinto que estou embarcando numa loucura sem fim e sem explicação.

A mulher desce da cadeira e caminha em direção à nossa mesa. Ela tem classe e requinte, não vou negar. Adoraria matá-la. O cheiro de Flores silvestres, Ahh. Inspiro, expiro.

O Mark avisa que ela está vindo e o Fitz demonstra conhecê-la bastante ao sugerir como enfrentá-la.

Vamos ver, vamos ver. Parece que ela que queria me encontrar, parece que eles que queriam me encontrar. Ok! Estou indiferente agora, façam seu melhor.

Ela finalmente chega até a mesa, agora os aromas se tornam mais marcantes, as cores, os sons, tudo volta exatamente como era antes dela entrar no Last Chance Saloon. Seus passos firmes e sua postura ereta, seu queixo erguido acima dos noventa graus, uma bolsa de marca desconhecida a tira colo, um óculos de grau vintage redondo, seu cabelo grisalho e cacheado, sua pele cor de canela.

— Que bom revê-lo senhor Victor, como tem passado?

Ela fala como se tivesse alguma intimidade de fato com Victor, tem uma afirmativa pesada e um ar de segurança em suas palavras.

— E, quanto a vocês dois (Mark e Fitz), façam o favor de se retirar!

A Doutora vai se ajeitando na mesa, olhando somente para Victor e captando sua atmosfera, seu humor, sua áurea.

*Off-game* Teste bem-sucedido de AUSPÍCIOS NÍVEL 3.

A calma e as pausas entre intervalos de diálogo cria um ritmo, uma propagação de mensagens embutidas e um tempo para perceber essa onda, criando uma conexão mais direta e sem filtro entre as duas partes.

Não cabe mais nada a fazer para Mark e Fitz, que recuam diante da presença da doutora, mesmo antes de ir, cada um faz um gesto e toca em Victor para deixar uma última palavrinha.

Mark projeta o punho e encosta-o no ombro de Victor, depois coloca a mão no rosto e fala baixo, mas não tão baixo assim.

— Escuta tudo que a doutora tem a te dizer, mas não deixa ela ganhar tua mente!

Fitz sai pelo outro lado e só dá um leve tapinha nas costas de Victor, e se inclina para alcançar o ouvido de Victor e dizer…

— Embora os sábios, no fim da vida, saibam que é a treva que perdura, pois suas palavras não mais capturam a centelha tardia. Não adentre a boa noite apenas com ternura. Fúria, fúria contra a luz que já não fulgura… D. Thomas.

A mulher chega até a mesa e tudo volta ao normal. Está claro agora, ela que estava me manipulando, manipulando meus sentidos, minha percepção, de alguma forma que eu não entendo. Não bebi nada, não ingeri nada, não cheirei nada.

O grandão lá talvez não se sentiu intimidado porque não tem muito cognitivo pra entender certas coisas, mas essa mulher já intimida só no visual. Seria divertido matá-la.

Ela me cumprimenta me chamando pelo meu nome e diz que é bom me ver novamente. Mas ela já me viu antes? Porque eu não lembraria dessa mulher?

— Maravilha, obrigado por perguntar. E a senhorita, como tem passado?

Ela Dispensa Mark e Fitz que imediatamente obedecem o comando. Estranho, ela trata os outros dois com um certo domínio. Pesado, hein?! Se só um de nós é verdadeiro então está claro que esses dois fazem parte do show de ilusões criado por ela. Mas o que afinal ela quer comigo?

Ambos, eu e ela, sabemos que eu estou envolvido aqui com coisas não obvias e talvez não naturais, coisas que eu desconheço e que não tenho nem de longe respostas, mas isso não me inflama, não me tira do eixo, estou mais interessado no que de fato ela quer, do que sobre tudo que ela fez pra chegar a esse momento. Não me sinto confuso, nem surpreso, nem amedrontado, talvez um pouco curioso pra entender esse "custo-benefício", de certa forma também excitado pelo estilo da investida e esperançoso pela expectativa criada até agora, afinal o show foi realmente extraordinário. Bom, é difícil explicar. Acho que algumas dúvidas foram respondidas momentaneamente em razão da lógica aplicada, mesmo sem saber a verdade pura. Assim é minha aura.

Antes de ir, Mark me deu uma dica do tipo "papo reto" e Fitz citou Interstellar.
Ta valendo! Esses bicho são pica mesmo, mas tudo não passa de uma ilusão.
Devolvo o cumprimento de ambos apenas com um balançar de cabeça.

Não acompanho o caminho tomado por eles, sigo olhando diretamente para a doutora Diana.

— Muito bem. Vamos ao que interessa!
Inicio a prosa

— Você deve ser a Doutora Diana.

— Então?! aqui estamos.
Gesticulo com a palma da mão direita aberta.

— Qual o objetivo dessa conversa?
Não demonstro interesse pelas várias perguntas sem respostas acumuladas até agora e parto direto ao ponto.

Muito embora ela esteja claramente dez passos à minha frente, mantenho a minha postura como se estivesse conversando com um cliente da seguradora: Fala firme, olhos nos olhos, falsidade, tratamento meramente político, muita burocracia disfarçada de "tem que ver com eles, né?", encarado os fenômenos como meras circunstâncias do sistema. Assim é minha atmosfera e meu humor.

Ela deslisa o indicador da mão direita levemente pelo queixo, inclina um pouco a cabeça para esquerda, as pupilas parecem pulsar e emanar um tipo de energia.

— O que interessa é relativo, para mim pode ser algo e para você o que interessa por ser outra coisa. Isso é o simples exemplo do que pode interessar. Sua primeira pergunta não tem relação com o que você acha que interessa de fato, o objetivo então é, saber o que interessa para mim.

Diana responde secamente, colocando a conversa no lugar que quer, a todo momento manipula o ritmo e velocidade do diálogo. Victor entende isso, seria impossível não entender, e até mesmo esse fato é uma forma de controle que ela impõe.

— Há alguns anos fui convidada a investigar um homicídio, um caso clássico de problema familiar que envolvia adultério e crimes fiscais. Tão comum como atropelamentos falando estatisticamente. Em minha investigação realizei uma “autópsia psicológica” no único sobrevivente.

Junta as mãos e entrelaça os dedos e continua a discorrer sua tese.

— Eu me encantei profundamente por tudo aquilo! Desde então eu me interessei e continuei a acompanhar o caso. Meu objeto de estudo estava amadurecendo bem rápido, mais do que outros que também monitorava, mas minhas pesquisas foram roubadas por um sociopata maníaco sem escrúpulos, um 'puto'.

Pela primeira vez a doutora dá enfase em suas palavras e reage amistosamente.

Minha mente divaga...

O olhar dela é diferente, não consigo explicar essa energia. Eu entendo que ela quer dominar a conversa e não posso entrar esse jogo.

Ela me fala que investigou a tragédia envolvendo minha família, ok, isso faz parte, outros devem ter investigado também. Mas ela diz ter feito uma "autópsia psicológica" no único sobrevivente, e isso pode ser fascinantemente bizarro e perigoso. Porém, houveram dois sobreviventes, eu e o sócio do meu pai, e ele sobreviveu para ser condenado à prisão pelos diversos crimes citados pela doutora. Então porque ela está falando de apenas um sobrevivente?

Ela está me dizendo que se interessou e passou a acompanhar o caso, mas um "puto sociopata" roubou as pesquisas dela. Pelo o que ela se interessou? o que ela passou a acompanhar? Quem é esse puto sociopata? O que ele quer? Como ela me encontrou aqui? Porque depois de tantos anos ela me procurou?

Ela disse que se encantou profundamente por tudo aquilo. É provável que as intenções dela aqui estejam enraizadas nesse "obsessão", mesmo assim, por hora, é impossível determinar aquilo que é bom ou ruim pra mim. Preciso de respostas.

E por falar em respostas, eu vim aqui atrás de respostas, mas não param de chegar novas perguntas. Onde isso vai chegar?

0 - Ignorando a parte das minhas conjecturas sobre manobras políticas:
1 - Cheguei aqui pelo Julien,
2 - Mas encontrei a Nines,
3 - Voltei atrás de resposta, mas tive uma experiência temporal metafísica, pra não dizer logo sobrenatural,
4 - Daí surgiram Mark e Fitz que também não sei de fato quem são e o que querem,
5 - E deles veio a Doutora aí que sabe a história da minha família,
6 - E a partir dela já tem mais um "Puto Sociopata" que roubou as pesquisas dela.

Em poucas horas, a coisa passou de somente 1 elemento, o "Julien", para 6 elementos: "Julien", "Nines", "Fitz", "Mark", "Diana" e o "Puto Sociopata".

Porque será que eu sinto que estou entrando em um caminho sem volta? Até agora não sei o que esses 6 elementos representam pra mim. Não parecem investigadores de homicídios, não parecem policiais, não parece um cerco. O que virá em seguida?

Haverá o 7º elemento? Ou... É agora que o 6º elemento retorna para o 1º elemento fechando o ciclo?! Ou seja, O "Puto Sociopata" é o Julien?! Ah, isso é muito possível e seria bem plausível, visto que a doutora me encontrou aqui no Last Chance Saloon, local indicado pelo próprio Julien. Inclusive isso respaldaria minhas conjecturas sobre as manobras políticas, porque conforme eu havia pensado anteriormente, o Julien precisava de um perfil como o meu, então nada melhor do que começar uma busca no consultório de uma... Psiquiatra? talvez ela seja uma psiquiatra. Julien me escolheu a dedo para executar o plano para matar o senador Jordan. Sim, agora a história é sólida e bem costurada.

É, acho que é isso. O puto sociopata é o Julien, o 6º elemento retornando o 1º elemento, a serpente engolindo o próprio rabo, o OUROBOROS! um símbolo místico que representa o conceito da eternidade, através da figura de uma serpente que morde a própria cauda. Eternidade... Cacete! isso faz todo sentido. O Julien e a Nines estão aqui há décadas, e estão do mesmo jeito! Realmente não sei onde tudo isso vai parar.


... e em milésimos de segundos retorno à conversa.


Respondo secamente assim que ela completa a frase "...roubadas por um sociopata maníaco sem escrúpulos, um 'puto'."
— Julien!

A confirmação está no olhar de ira de Diana, ela começa a perceber que Victor está conectado aos fatos, que sabe exatamente o que será dito na sequência, essa rara conexão entre “médico” e “paciente” dá aos dois uma confiança, um ambiente seguro de tudo que precisa ser dito aqui, será bem entendido pelo outro, sem meias ponderações, tudo preto no branco como se diz, às claras.

As luzes se apagam, e uma voz feminina seguida por uma bateria cadenciada e um piano eloquente começam a conduzir os presentes aos anos de ouro dessa cidade, ou anos sem lei, ou anos onde as coisas eram mais claras.

Uma única luz ilumina a estrela no palco, os instrumentos vão seguindo a energia que ela emana, um grave marcante, um falsete timbrado em notas altas, uma afinação e presença de palco que criam um fenômeno coletivo de atenção plena aos detalhes.

A atenção que era toda de Diana, agora é dividida com uma negra perfeita e exuberante. Nines cantando no Last Chance Saloon, se comportando no palco como uma verdadeira diva, senhora de sua capacidade e talento. Flutuando no palco sob os olhares atento de todos no local, menos de Diana que está de costas para o palco e consequentemente para Nines.

*Off-game* Teste de Autocontrole + Inteligência, dif. 4. O teste deve ser postado primeiro, as informações acerca da rolagem será descrita diretamente ao jogador por mensagem no whats.

Diana não se vira para apreciar, fica ali observando os efeitos dessa “Presença” encantadora, deixa que a primeira música se encerre e então os aplausos dos presentes para seguir com o diálogo.

Auto controle 3

Victor Sinclair efetuou 3 lançamento(s) de dados Dados normais :

, ,

Inteligência 2

Victor Sinclair efetuou 2 lançamento(s) de dados Dados normais :

,

Re-rolar 3 dados usando força de vontade.

Victor Sinclair efetuou 2 lançamento(s) de dados Dados normais :

,

Pronto! pelo olhar diabólico de Diana deu pra perceber que eu acertei.

As luzes se apagam, e uma voz feminina...
Taquipariu! em uma fração de segundos um frio ártico sobe pela minha espinha congelando tudo por dentro!
... seguida por uma bateria e um piano começam a entregar um novo show aos presentes no bar.
Putz! quase me caguei!

A música é tão boa a ponto de capturar a atenção de todos, ou quase todos. Diana e eu parecemos ter noção de toda magia causada pela apresentação, como se a própria Amy Winehouse estivesse ali cantando, mas incrivelmente não somos levando pelo encantamento e seguimos com o diálogo.

- Entendo até certo ponto o que está acontecendo. Não tenho como ter certeza, mas posso fazer alguns cálculos e encontrar algumas respostas como ocorreu com o Julien Sociopata.

- Por falar nele, vim hoje aqui para descobrir mais. Ele precisava de um perfil para executar uma tarefa, foi atrás e me encontrou. Ele moveu um peão para derrubar outro peão em um jogo de Xadrez, um jogo arriscado. Agora, naturalmente o peão não poderá simplesmente sair do jogo por ter feito seu papel.

Ergo o dedo indicador direito.

- Sou ciente disso, o peão só tem duas opções: seguir no jogo até ser derrubado ou até chegar do outro lado do tabuleiro para ser tornar uma torre, um bispo, um cavalo ou uma rainha!

Abaixo a mão e estico a jaqueta.

- Continue, por gentileza, Doutora. Você parou na parte em que um puto sociopata maníaco e sem escrúpulos te roubou.


Deixo os cotovelos apoiados na cadeira e sigo olhando diretamente para ela, superando meu próprio desejo de observar a magnífica Nines.

Diana observa a introspecção análoga feita por Victor, a cada momento que passa ele toma mais corpo e fica mais confiante, que mal tem nisso? Uma voz ecoou no Last”, claro que não preciso de muitas tentativas até acertar a pessoa que dá nome a voz.

Victor, continua, ele fala sobre Julien, mas fala de uma forma afetiva, que parece se divertir com todo mal causado pelo “vermizinho insolente''.
As palavras saem como farpas da boca da doutora.

— Sim, ele roubou minhas pesquisas e de todos os pacientes que eu acompanhava, Sr. Victor, o senhor é o último que restou. Existia sim um plano, na verdade, ainda existe, e se estou aqui é para que ele continue existindo.

É engraçado pensar que Victor tenha respostas, ou teorias, isso é um ponto positivo, embora nesse momento seja apenas engraçado. Se o que ele quer é diversão, vamos à diversão então.

— O político representava um ativo importante para minha corporação, meus filiados esperavam muito daquele individuo, a longo prazo ele seria muito útil. Como disse anteriormente, minhas pesquisas foram roubadas e um dos pacientes da lista era o Sr. Jordan.

Diana está tranquila, conversa abertamente, não há subterfúgio nesta mesa, a música lá fora sobe o som e um frisson de aplausos e assobios se mistura ao ritmo dos instrumentos. O cara grande e loiro que estava conversando com Diana há poucos procura-a no ambiente, girando seu pescoço como um telescópio de um submarino russo, a procura de seu alvo.
A voz da doutora desacelera, ganha uma cadência.

— Então, vou usar sua analogia de xadrez, perdi uma torre de fato, e o cavalo adversário está fazendo estrago na minha linha de defesa, mas meu rei continua de pé e o jogo não acabou. Julien logo será capturado ou talvez já foi, não é meu departamento esse.

A doutora parece ajeitar a bolsa, será que pensa em partir? Ou é uma movimentação estratégica, embora esteja sentada, uma morena de cabelo grisalho num bar de blues no subúrbio de Chicago não é tão comum assim.
O tom misterioso preenche o ambiente, uma névoa densa cheia de raios e trovões cercam a cabeça de Diana.

— O importante é, como você mesmo disse, um peão chegou do outro lado e pode mudar esse jogo, então te faço a pergunta: conhecendo o jogo, diante de suas análises, de que lado você ficara?

Solicitação de teste feita ao narrador para interpretar o trecho:

Citação :

"A doutora parece ajeitar a bolsa, será que pensa em partir? Ou é uma movimentação estratégica, embora esteja sentada, uma morena de cabelo grisalho num bar de blues no subúrbio de Chicago não é tão comum assim.
O tom misterioso preenche o ambiente, uma névoa densa cheia de raios e trovões cercam a cabeça de Diana."

Teste autorizado.

Rolagem de dados:
Sagacidade 2 + Inteligência 2. Especialização de Sagacidade: Linguagem corporal. Especialização de Inteligência: Pensar/Lógica.

Resultado:

Victor Sinclair efetuou 4 lançamento(s) de dados Dados normais :

, , ,

- Falas na cor laranja, Pensamentos em vermelho itálico e Ações e descrições em vermelho.
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Diana joga o corpo um pouco para trás, uma expressão corporal de recuo estratégico, ela observa toda explanação de Victor e em alguns momentos até pensa em interrompê-lo, mas não o faz.
Espera tranquilamente o momento certo de falar, a atenção de Victor está voltada a ela e isso faz as coisas seguirem pelo caminho que a doutora construiu.
Com uma voz firme, carregada de autoridade, Diana traz as respostas que Victor precisa.

— Está cidade tem um Príncipe e um Barão, há anos eles veem disputando o controle total, um acordo velado impede que ambos venham as vias de fato em um duelo mexicano. Isso não acontecerá.

Sem desviar o olhar, ela segue falando…

— Sem ofender, todos são peças, às vezes uteis e outras vezes não mais, e você entrou nesse jogo por minha causa de fato e por isso me sinto responsável pelo que vai acontecer adiante. Cabe a você julgar como procederá e fazer suas escolhas.

Diana leva as mãos até a bolsa, volta seu olhar para o fundo da sacola de couro com zíper, é isto que é essa tal bolsa, o couro sintético e pouco desgastado é um revestimento preto fosco com uma textura discreto em formato de pele de jacaré. As mãos deslizam lá dentro e leva uma eternidade até achar o que procura.
Ela ergue o olhar e fala antes que conclua a busca na bolsa.

— Não é o momento para nomear as coisas, o importante é entender as circunstâncias! Você é bem esperto e isso é um pre-requisito para saber que existe uma porta para um mundo por trás do mundo, mas embora eu possa confirmar que existe uma porta, meu papel vai somente até aí.

A busca por algo na bolsa nunca acaba, certamente é algo pequeno, que caiba na mão, algo que pode escapar facilmente pelos dedos, algo que não é fácil de conter se você não prestar atenção.
Falando e olhando para bolsa, até porque nada encontrou…

— Eu não vou me preocupar com esse cara, o tal cara loiro ali me procurando, é um equívoco da parte acreditar que ele está me procurando. Na verdade, ele está te procurando, e vai te encontrar porque isso é importante acontecer.

Finalmente ela tira algo de dentro da bolsa, é um anel, algo de metal pelo menos, não dá para dizer se é prata ou só aço mesmo, brilha como prata ou algo inoxidável. A expressão em seu rosto é de felicidade por encontrar algo que procurava, a satisfação e o alívio de saber que não perdeu.
A doutora o tira da bolsa sem fundo, parecia que quase o braço inteiro esteja mergulhado la dentro, mas nem era tudo isso. O objeto está na palma da mão aberta de Diana, que coloca na mesa de madeira.

O contato do metal com a madeira provoca um som característico, nesse momento o som é ouvido por Victor. Não há mais nada ao redor, só o som da joia encontrando a mesa de madeira do Last Chance Saloon.

— Só há um sobrevivente, disso tenho certeza!

O anel está bem no meio da mesa redonda de madeira do bar, agora o olhar de Diana é direcionado para Victor e a expressão é séria de fato.
Com uma voz mais baixa que o normal, ela traz um ar de urgência e perigo eminente a conversa.
Já nem importa o que está tocando no Last Chance Saloon.

— Este cara vem aqui, vai te fazer algumas perguntas e a depender do que vai responder, pode ser, que você continue no jogo, ele quer algo e você tem que fazê-lo pensar que tem o que ele quer. É meio confuso, mas é só isso mesmo.

Diana responde sem hesitar que há um príncipe e um barão disputando poder há anos na cidade, sob a sombra de alguma espécie de tratado que os impõe uma eterna trégua.

Isso realmente é bem estranho, mas o mundo é uma matrix de mentiras.

Ela segue dizendo que todos são meras peças como num jogo de xadrez e que se sente responsável por ter me colocado no meio disso, mas embora ela reconheça sua culpa, a responsabilidade e proteção do meu rabo ela diz que só cabe à mim.

Bem conveniente isso, doutora. Quase bato palmas.

Sem nem tentar esconder a ação, Diana começa a procurar algo que parece ser bem importante, praquele momento, dentro da bolsa.

Ah, isso é preocupante!

Ela diz que há uma porta para um mundo por trás do mundo e que a tarefa dela só vai até aí.

Esse mundo faz algum sentido diante de todas as coisas que aconteceram até aqui? talvez.

A cara de desapontada dela deixa evidente que ela não encontrou o que procura. Ela diz que o grandão não está procurando por ela e sim por mim.

Até aí tudo bem porque eu manipulei o encontro dele com as garotas, mas o problema não é isso.

Diana diz que ele vai me encontrar porque isso é importante acontecer.

Como ela pode afirmar isso? Então esse cara também é outro figurante como o Mark e Fitz? Se é importante ele me encontrar eu devo apenas aguardar que ele faça isso e acreditar na doutora que esse cara não vai me socar a cara? Isso seria um voto de confiança e um ponto a mais para ela caso realmente esse encontro com o grandão seja importante? Socar minha cara ele realmente não vai porque aqui é o Last Chance, o Bar da Nines. Não sairíamos vivos daqui se houvesse uma briga no meio da apresentação musical da anfitriã.

Ela finalmente achou o que procurava. Um anel reluzente, prata, maciço. Ela joga a peça de metal sobre a mesa que emite um som peculiar de suas vibrações, e então ela avisa que "Só há um sobrevivente".

Um sorriso de canto de boca surge involuntariamente. Sinto o cheiro, o sabor, o toque da morte se aproximando. Seria esse anel uma espécie de sinal? Um aviso combinado? Ou o som e as vibrações funcionam como alguma manipulação mental, uma hipnose?

A voz dela ganha um tom mais baixo com um ar de urgência e perigo. Ela diz que ele vai me fazer perguntas e eu continuarei no jogo se eu responder a coisa certa.

Depois da nossa curta conversa sinto um certo desapontamento pela pelo fim do nosso diálogo, afinal de contas, eu tava gostando disso e faz algum tempo que não tenho uma conversa excitante. Deixo transparecer meu desapontamento.

- Anywho!! vamos ver onde isso vai chegar. Falo organizando as longnecks e os copos sobre a mesa.

Diana capta os detalhes, as expressões se desenhando e desmanchando no rosto de Victor enquanto ele conjectura seu pensamento, com certeza esse novo mundo que lhe está sendo apresentado é algo estranho.

O olhar da médica sonda os passos do “grandalhão”, nesse ponto a música já segue como um pano de fundo continuo e podemos constatar que Nines não está mais no palco, o tempo flui normalmente e a noite segue com algumas garrafas a mais de cerveja.

Do outro lado do bar, mais especificamente na mesa do homem grande e loiro, um brinde é erguido pelas garotas, elas saboreiam o momento e parecem está se divertindo demasiadamente, dá para ver um sorriso no rosto do cara.

A mesa deles está bem bonita e chama atenção, há uma loira estilo líder de torcida, desse tipo de mulher que você olha e vai até as fotos e fica de boca aberta. A uma de cabelo preto que tem um pelo traseiro e sabe disso, vestida para chamar atenção aos seus “atributos”, tipicamente é uma latina bem abençoada.

Entre elas, o cara mais alto, forte e sortudo da noite, ele tem toda situação sobre controle, haje como se essas duas beldades nem fossem o suficiente para a noite toda. Impondo um vigor físico diferenciado, ele está aproveitando o movimento causado por Victor, mas parece que está se despedindo e ganha um longo beijo da loira e depois da latina. Uma saída triunfante e vitoriosa, sucessos críticos na sedução.

Ele começa a se mover e da para sentir a pressão esmagadora que sua presença tem, tatuagens japonesas no pescoço e braços, seguindo até as mãos, roupa alinhada e cara, relógio de pulso digital e no outro um braçalete.

Sim, ele está indo até a mesa onde a Doutora Diana está com Victor, ainda faltam alguns passos até ele está de corpo presente na mesa, então Diana volta seu olhar para Victor por um segundo e fala discretamente, impedindo uma leitura labial por parte do grandalhão.

— Vamos ter tempo para continuar nossa conversa, se tudo acontecer como planejo, teremos a eternidade para conversar. Agora há outras coisas importantes que precisam acontecer para que “o rio possa fluir para o mar”. Aí vem ele, ele se chama…

— Struck…!
A fala de Diana é preenchida pela voz grave do homem.

— Strucker! Matthews Adams Strucker.

Strucker
O momento de descontração foi bom para a noite, afinal de contas, não pode haver uma guerra sem uma noitada para os melhores soldados.
Diana está ali falando com seu paciente, que embora não seja inglês, tem uma presença formal e culta bem característica, o fato de ter sido encontrado pela filha da lua é coincidência pragmática, e nada tem a ver com o destino futuro que o aguarda.

Embora eu goste de uma apresentação inicial a altura, tentarei desta vez, chamar menos atenção, é claro que alguns segundos atrás fui visto por todos no lugar e até isso tem seu sentido de existir, é claro, ignoro o fato por completo e começo a agir como se estivesse chegando agora.

— Prazer, senhor, a minha mão estendida em sua direção não precisa ser apertada e se de fato não for, não entenderei como uma recusa completa, apenas parcial, visto que não fui convidado e estou me intrometendo no seu diálogo com a mulher aqui do lado.

Strucker fala isso com a mão estendida na direção de Victor.

O grandão notadamente está se divertindo com as garotas e elas estão encantadas com a companhia dele. Embora tenha sido efetivo na minha jogada de "despistar" o grandão, ele parece ter o controle absoluto da situação. Não que isso seja bom ou ruim, mas mesmo sob efeito de certa manipulação, ele controla muito bem a situação. Em dado momento posso até acreditar que ele se deixou levar pelo bilhete só pra aproveitar mais ainda as dezenas de possibilidade da noite, mas não tenho tempo para aprofundar essa análise porque agora ele se despede calorosamente das garotas deixando um ar nobre de receptividade e atenção que se traduz em portas abertas. O miserável é articulado., e caminha em direção à nossa mesa com toda sua imponência e sofisticação. Mas alguma coisa dentro de mim faz eu gostar dessa situação, me deixa empolgado de tal forma que nem consigo me autoquestionar o porque dessa sensação.

Diana fala discretamente que seguiremos ainda com esta conversa nem que seja pela eternidade. Confesso que à essa altura do campeonato eu já estou bem curioso sobre essa eternidade e suas diversas traduções, mas por hora devo me preocupado em permitir que o rio flua para o mar e isso deve começar agora, com o Str.. Strucker! Matthews Adams Strucker. Ele mesmo sobrepõe a palavra com sua voz estrondosamente grave.

O homem se apresenta e estende a mão já informando que o ato é meramente uma formalidade sem exigência de conclusão de protocolo. Taí! Já gostei do papo desse cara. Entrada triunfante, vou anotar isso!

Olho diretamente para ele sem desviar, estendo a mão completando o movimento de cordialidade naturalmente utilizado pela maioria dos seres humanos. - Victor Sinclair! me apresento.

- Pois agora você é meu convidado, junte-se à nós na mesa. Com a mão que está livre indico o local.

Bom, então vamos ver o que temos aqui pro restante da noite...

A distância ele parecia apenas um brutamontes de pura ignorância, mas agora de perto os detalhes mostram uma figura diferente. A roupa fina e bem cortada não se encontra em lugar, foi certamente produzida por alguém em particular e para o molde de seu corpo.

Ao longe, o cabelo parecia menos tratado, algo padrão como um gel ou pasta, não é bem isso. O corte de cabelo é moderno e bem feito, tem luz e cheiro bom, levando a entender que tudo em questão tem um trato atencioso e meticuloso.

Ainda que tudo isso chame a atenção, o mais notado são as tatuagens, algo do estilo Yakuza ou Maori, vai saber. O corpo bem-apanhado e musculoso completamente coberto por gravuras que devem contar a história deste personagem.


O aperto de mão é firme e frio, a impressão que se tem é que os ossos desse cara foram forjados no fundo, de um iceberg, após a pegada um leve balanço. Uma postura ereta e o queixo sempre alinhado se movendo para o lugar vago.

— Victor, enquanto conversamos, uma intrincada trama se desenrola paralelamente. Doravante, ignorarei o ocorrido no seu voo até Chicago e me concentrarei ao fato presente. Embora, de minha parte, não concorde com alguns detalhes, me atenho a cooperar, visto que é o certo a se fazer.

O tom de voz é sério e ele franzi a testa ao falar, suas expressões faciais combinam com o assunto. Ele prossegue depois de uma leve pausa, essa pausa é seguida por um olhar rápido para Diana, que não deu um pio sequer.

— Coube a Diana, a missão de introduzir uma dialética sobre a sua situação e um breve apanhado do que está ao derredor da problemática.

A Doutora ali parada lança um olhar possuído pelo desdém, enquanto Strucker matraca sem dar espaço para outro alguém falar.

— Trocando em miúdos, o que aconteceu no avião afetou mais do que um homem acima do peso e adúltero.

Ela revira os olhos com a enrolação.

— Este singelo ser humano foi escolhido por alguém a cima de nós, do ponto de vista hierárquico e sua perda, de forma, inesperada, trouxe uma saga de inconvenientes que precisam ser reparados.

Agora que eu prestei atenção no grandão. De início pensei que fosse uma espécie de segurança com o cérebro alojado nos músculos, mas agora acho que ele tem alguns músculos alojado no cérebro. Há uma duplicidade aí, duas coisas que geralmente não se combinam muito, estilo e brutalidade, inteligência e força. Seguindo a mesma linha de raciocínio, as palavras dele tem enrolação com o "direto ao ponto". Mas eu gostei. Fascinante isso, adoraria matá-lo. Certamente não seria uma morte qualquer, meu requinte teria que superá-lo 10 vezes mais, seria um imenso desafio.

Ele me conta que há uma trama se desenrolando. Concordo!

Ele diz que vai ignorar que horas atrás eu sobrevivi à queda de um avião para conversar algo mais importante. Hum. Justo! queda de avião é bobagem, toda hora acontece.

Ele não concorda com tudo mas vai seguir assim porque é o certo a se fazer. Ou porque precisa de mim.

Ele diz que coube à Diana a conversa introdutória e preparação para a conversa real. Sim, de fato. Comparando agora foi um puta enrolation, mas eu tava gostando, por assim dizer.

Ele disse que sabe que eu matei o gordo e que isso afetou gente importante. Como esse desgraçado sabe disso? Maldito Julien, tenho certeza que ele me caguetou, por isso esse arrombado não apareceu aqui hoje, por isso esse safado me deu aquele cartão, pra eu vir aqui me encontrar o a Yakuza. Massa. Que vacilo, bicho. Fui dar uma de curioso, ta aí. Era só pra teu ter seguido meu rumo e nem me envolver com essas coisas. Droga! Meus pensamentos se misturam mas sigo com o mesmo olhar e atenção de antes.

Ele basicamente disse que o gordinho era uma peça importante do xadrez do chefe dele e que a morte prejudicou o planos. E agora, como EU matei o gordinho certamente ele vai querer pra eu matar alguém importante do lado de lá pra compensar a balança. Ele não vai querer pra eu assumir a vaga do gordinho porque eu não sou político. Maldito Julien! Ele me colocou nessa.

- Entendi.
- Prossiga, por gentileza.
Respondo com a frieza de quem está ouvindo apenas histórias sobre outras pessoas, uma fofoca.

Maldito Julien, Maldito Julien, Maldito Julien, Maldito Julien, Maldito Julien.

Strucker usa as palavras com sutileza, talvez exageradamente em algumas situações, mas tem firmeza no que diz e usa uma linha de raciocínio linear para explicar os detalhes sobre o que está acontecendo.

— Algum tempo atrás, um grupo de pessoas especiais se juntou com um objetivo comum, entre eles existiam um mais jovem, este é Julien. Ele aprendeu com os demais e teve uma tutora, esta é Diana.

A doutora Diana observa a reação de Victor ao ouvir a história, ela chega a cerrar os olhos para ir a fundo dos detalhes da reação exterior do paciente. Strucker segue com a narrativa.

— Julien decidiu por si só chamar alguém para o grupo, esta era Kayla. Infelizmente, para Julien, essa decisão precisava de uma aprovação e assim Kayla foi exilada e então ele se rebelou e abandonou o grupo.

Notadamente, Strucker cuida bem das palavras para explicar esse trecho, cruzando olhares a quase todo momento com Diana. Ele mantém um tom paternal ao falar, passa essa impressão quando fala de Julien.

— Foi descuidado e impetuoso, e cometeu um erro gravíssimo, protegeu a aliada Kayla. Pela escolha arriscada ele foi condenado a morte, e fez o mais fácil, aliou-se ao inimigo do seu novo inimigo. E agora é protegido de Nines!

O enredo vai ganhando um tom dramático, até que um nome surgiu. Nines. Agora a foto no escritório no fundo da Last Chance faz sentido. E saber mais sobre este lado de Julien faz Victor refletir seu papel nesta trama.

Indo mais fundo na toca do coelho, surgem questionamentos pertinentes e outros confusos ou ambíguos. Um homem no voo para Chicago agiu como se estivesse ciente de tudo, desde o político, da psiquê de Victor, da falha mecânica do avião, do pouso forçado, dos homens de preto que o procurariam e o achariam, até que.
De alguma forma, o cartão seria encontrado e levaria Victor até o Last Chance. Por fim, sabia que Strucker e Diana teriam essa conversa.

Parece loucura tudo isso! Um pensamento não autorizado surge na mente de Victor, ele observa Fitz no reflexo do espelho em algum lugar da boate e ouve sua voz na cabeça tão claro como um sussurro no ouvido.

Fitz.

— Vai ficar aí parado enquanto eles despejam todo esse papo sobre você? Afinal, o que te trouxe aqui? Hora de tomar as rédeas dessa conversa!

Strucker escolhe as palavras sempre atento ao impacto causado pelo significado, balanceando com escolhas específicas para que notícias ruins soem mais doces, mas eu posso traduzir. É como dizer "Vai tomar no cu" de forma culta: "Sugiro veementemente a Vossa Senhoria que procure receber contribuições inusitadas na cavidade retal..."

No fundo acredito que ele não é de fato assim, mas que apenas escolhe ser assim, seja para lograr êxito numa conversa, seja para lograr êxito com uma intimidação ou somente por diversão. Tanto faz.

Strucker me diz que eles são um grupo de pessoas especiais e que a Diana era tutora do Julien. Hum! detalhes, né doutora? Olho pra ela, acho que ela está nervosa, olho para as mãos. Deve estar se esfregando, entrelaçando os dedos ou tamborilando sobre a mesa. Olho para o maxilar, tenho certeza que ela está cerrando os dentes. Procuro também se a respiração está mais ofegante.

Talvez nem eu mesmo saiba disso, mas procuro sensações de pânico e nervosismo nela porque isso me alimenta, me causa uma euforia, uma excitação.

Volto minha atenção ao meu interlocutor.

Funciono como um HD particionado que recebe informações por duas vias diferentes. Me alimento de dois tipos de informações: aquela passada pelo meu emissor e seu ambiente e aquela que eu mesmo busco.

Ouço atentamento tudo que Strucker conta enquanto observo seu jeito de falar, seu olhar, a postura, os vacilos, a segurança na palavra, o titubeio, sua expressão corporal etc. Ele parece o chefe, mas ela é a chefe. Olho novamente para Diana. Sinto agora que é muito bom eu estar exatamente onde estou, me sinto animado e um pouco eufórico. Estou gostando de estar no centro da atenção, de ser procurado, de ter contato com todos os lados.

Strucker continua a narrativa. Hum, entendi. Julien chamou uma amiga nova, mas a galera não aceitou e ela teve que meter o pé, aí Julien ficou puto e disse que se ela não ficasse ele também não ficaria. Ele falou e cumpriu, mas aí a galera não botou fé nessa parada e mandou passar o sal nele. Aí pra não morrer ele se aliou com Nines que é inimiga da galera do Strucker e da Diana.

Interessante imaginar que há poucas horas eu fui bem acolhido pela dona do bar e agora estou sentado compartilhando da agitada noite com os inimigos dela dentro do seu próprio estabelecimento.

- E é tranquilo frequentar o bar da inimiga pra ter uma reunião de negócios?

vejo que Nines não está mais cantando e dependendo de como essa conversa acabar talvez eu ainda possa enfrentar uma nova inquirição da dona do estabelecimento.

Me lembro da foto do Julien na parede da Nines. - E essa treta foi antes ou depois de 1980? Muito tempo pra guardar um rancor, né? Certamente eles vão entender a menção à data. Eu é que não entendo.

Então o Julien sabia de tudo, da falha mecânica, do político, do meu assento, da minha necessidade de retornar à chicago, e talvez tenha a mão dele naquele caso do seguro. Quer dizer que ele sabia da minha psiquê porque teve acesso aos documentos de Diana, do pouso forçado, dos homens de preto, do cartão, tudo, tudo pra chegar até esse exato momento! Que brilhante! não posso negar.

Strucker faz revelações estarrecedoras, mas eu quase acertei, na verdade posso dizer que acertei. Entre tantas e tantas teorias, se juntar uma parte daqui e uma parte dali eu acertei sim. Teorias híbridas!

No espelho que fica pendurado e girando lentamente próximo ao balcão do barman surge a imagem de Fitz, que aparece e desaparece cada vez que o espelho completa uma volta.

A Voz dele ecoa dentro na minha cabeça como se estivesse falando comigo lado a lado, dentro de um grande salão vazio com acústica capaz de captar o impacto de uma agulha no chão. - Calma, Fitz. Deixa eu terminar de curtir o momento. Minhas próprias pernas me trouxeram aqui, mas o que me motivou "barra" manipulou foi o Julien, óbvio. Ele me conhecia e sabia que eu ia me interessar, ele sabia que eu não ia simplesmente deixar pra lá. E sabe o que mais, Fitz? Talvez esse Julien me conheça mais que a Diana e talvez isso fique mais claro ainda no olhar dela. Acho que ela sabe disso e se culpa de alguma forma.

Deixo o salão vazio e volto à mesa. Parece que tudo isso que era pra ser dramático começou a se tornar interessante, misterioso, instigante, admirável e até esplêndido. Talvez seja uma mistura com o perigo, com o temor, me causa uma excitação, uma adrenalina. Teoria híbrida.

- Então Sr. Strucker, Sra. Diana?! faço contato visual diretamente com os dois.

- Eu fui colocado dentro do jogo e conduzido inconscientemente até este momento mesmo tendo sido trazido aqui pelas minhas próprias pernas. Há um jogo bem perigoso se desenrolando por algumas décadas do grupo do príncipe com o grupo do barão e agora a ovelha desgarrada me usou para atingir uma peça importante na política. Certo, eu entendi. Mas e o que vem agora?

Ajeito o meu boné vermelho abrindo uma pequena pausa entre um raciocínio e outro antes de continuar.

- Suponho que, como ouve uma baixa de um lado, deverá haver uma baixa do lado de lá para equilibrar a balança eu estou sendo devidamente encarregado do trabalho.


- Ou, ainda não há uma estratégia definida e como fui uma peça neutra agora eu precisarei escolher um lado antes de ser classificado como aliado ou inimigo.

- O que vem depois, senhores?

Olho rapidamente pro espelho e falo dentro do salão na minha cabeça. Gostou dessas, Fitz?.

jogo seguiu na mesa.
link do resumo da partida e continuação em: Hotel Hilton Garden